Por que você desvia o olhar ?

Por que você desvia o olhar ?

 

( ... )

_Por medo. E talvez, também por egoísmo.

_Disso, todos sabemos.

_É.

_Você é incrívelmente ... perfeito.

_Não, você sabe que não sou. E eu preciso ir.

Então, me beija mais uma vez. Só que não um beijo comum. Um beijo que continha segredos, confissões e também desculpas.

Me abraçou e mais uma vez disse as palavras mágicas.

_Eu te amo.

_Eu também.

E assim partiu, olhando nos meus olhos até o ultimo segundo em que eles conseguiram me alcançar.

Me senti culpada, mais uma vez. Andando por entre as pessoas, percebi que não digo nunca o que tenho que dizer, apenas por medo, insegurança, rancor ... enfim.

Olhando os mil olhos que me rodeavam, percebi que os teus eram únicos. E que eu temo olhar pra eles, seja lá como for.

_E você, por que desvia o olhar?

( ( ... ) Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontrei pedra. Encontrei flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses inúmeros abismos, dentro dos seus olhos.)

_Ah. Porque eu sou tímida.

Não sou. Sou medrosa.

Mas hoje o medo de te perder, ultrapassou os meus limites. Todos.

Tal que me fez voltar até onde tu estavas, te puxar pelo braço e te beijar de uma maneira que tu entendesse que o que eu tenho pra ti, não é pouco e nem passageiro.

Então, as imagens se desfazem, e assim, mais uma vez, dão lugar a escuridão do meu quarto.

São sonhos, mais deles.

Mas escuridão não impede que eu continue sentindo. Que o que eu tenho por ti, seja lembrado. Que o que eu tenho é forte, mesmo que não seja constante. Minha inconstância por ti, é causada pela dor passada. É por medo de ser massacrada.

Mas dessa vez, eu não me importo de ser massacrada, pisada, quebrada. Por você, isso não tem o menor sentido.

Por isso, meu amor, não temas em me machucar. Não temas em te machucar.

Sei que estamos exatamente onde deveríamos estar. Amanhã, depois, daqui um mês, dois .. talvez anos. Mas nós continuaremos onde deveríamos estar.

Um dia, talvez, lado a lado.

Mas eu sei que ainda sonho com os teus olhos, com as tuas chegadas, tuas partidas, teus beijos, teus abraços. E sem você aqui, isso continuará sem sentido algum. Continuará sendo chamado de sonho. Tomando o lugar então, da tão esperada realidade.

Tão esperada.

" - Há ocasiões em que optamos por acreditar em algo que normalmente seria considerado absolutamente irracional. Isso não significa que seja mesmo irracional, mas certamente não é racional. Talvez exista a supra-racionalidade : a razão além das definições normais dos fatos ou da lógica baseada em dados. Algo que só faz sentido se você puder ver uma imagem maior da realidade. Talvez seja aí que a fé se encaixe;

( A Cabana ) "